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A integração de sistemas agropecuários

A chegada da primavera renova o visual do campo, que fica mais colorido na esperança das chuvas para iniciar o cultivo da próxima safra. Essa diversidade e presença das flores nos reforça a importância da sustentabilidade, da preservação das diferentes espécies, como abelhas que são fundamentais no processo de polinização bem como outros agentes da natureza.

Os avanços das novas técnicas de manejo do solo, como práticas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), ganham espaço, com adequação da porção de pastagem, como por exemplo a brachiaria, na formatação de projetos agropecuários e agroflorestais.

O pasto é um dos componentes mais importantes da grande maioria dos sistemas de integração e já é bem conhecido neste cenário sendo usado em rotação com soja e milho, contudo, os sistemas de integração não tradicionais e que fazem uso da pastagem, também podem aproveitar o aumento de produtividade e lucratividade.

Um exemplo é consórcio do cafeeiro com brachiaria, que parece ser uma tendência na cafeicultura. Nesse modelo, a forrageira é manejada na entrelinha dos pés de café, respeitando uma distância de um metro de cada lado da linha, para não haver competição com o cafeeiro. Esse sistema de produção é utilizado para permitir aporte de material orgânico sobre o solo, melhorando os atributos físicos, químicos e biológicos, inclusive em profundidade, pela ação das raízes das plantas em rotação ou consorciada.

Neste tipo de integração, o resíduo é lançado como palhada durante o corte da brachiaria, aumentando a produtividade do café através da supressão de plantas daninhas, protegendo o solo da erosão, diminuindo sua temperatura, promovendo maior retenção de umidade, aumento do teor de matéria orgânica e consequentemente melhorando a ciclagem de nutrientes.

Em estudo da Coffee & Climate, uma iniciativa público-privada que incentiva a produção sustentável de café, enquanto a produtividade do cafezal somente com controle químico foi de 26,4 sacas por hectare (ha), a soma da Brachiaria brizantha na entrelinha resultou em 27,8 sacas/ha, ou seja, aumento de 2,05 sacas/ha. Observou-se que as parcelas com culturas de cobertura tiveram uma renda líquida de R$ 7.266/ha, já o tratamento controle foi de R$ 6.423. Isso representa um aumento de 13,12% na renda líquida/ha.

É muito importante atentar-se em manter a linha do cafeeiro sempre limpa, realizando capina manual ou aplicação de defensivos, respeitando a distância de 1 metro de cada lado da linha. E quando for realizada a roçada, a palhada da brachiaria deverá ser cortada e lançada na linha de plantio do café, ou seja, para baixo da “saia do café”.

Essa técnica também pode ser utilizada com espécies frutíferas, como pomares de laranja e limão, sendo que para este tipo consórcio com citrus o capim mais indicado é a Brachiaria ruziziensis. A cultura do mamão também, por apresentar um ciclo relativamente curto, em média de dois a três anos de vida, o mamoeiro pode ser consorciado com diversas culturas permanentes, as quais serão formadas a um custo relativamente baixo, reduzindo assim gastos com a irrigação e adubação. Além disso, nesse sistema é possível colocar animais de pequeno porte, quando usada uma cerca elétrica ou rede elétrica, com pastejo em faixas. Ao fazer o consórcio do mamoeiro, laranja ou limão com a braquiária, o produtor rural conseguirá atingir os mesmos objetivos anteriormente relatados para a consorciação com o café.

A possibilidade de integrar a criação de animais com o cultivo de espécies arbóreas, sejam elas frutíferas ou não, tem despertado o interesse de muitos produtores, pela possibilidade de diversificar seus produtos. A integração de sistemas agropecuários, permite produzir mais e melhor na mesma área, através da melhoria dos manejos hídricos, nutricionais, físicos, químicos e biológicos do solo, promovendo a biodiversidade e bem estar dos animais no campo. Esse é o agro brasileiro, sempre em frente e confiante!

Para sugestões de artigos entre em contato conosco pelo e-mail: contato@agrivalor.com.br

Autores

Fabio H. Pereira – Engenheiro Agrônomo, MSc

Roberto G. Pereira – Economista e Contador

Paulo A. Pereira – Engenheiro Agrônomo e Especialista em Manejo de Solo

Nome da Coluna: Por Dentro do Agro